segunda-feira, 4 de maio de 2020

HTLV no site do Ministério da Saúde


Ao buscar informações sobre o HTLV na internet você pode acabar encontrando dados não confiáveis, o que pode resultar em mais ansiedade e desinformação.
Por esta razão, sempre devemos usar fontes robustas. 
No site do Ministério da Saúde do Brasil, por exemplo, existe uma página dedicada ao HTLV. 
Além de informações direcionadas ao público em geral, no site também podemos encontrar material técnico especializado voltado para profissionais de saúde 
Não deixe de conferir!
http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/infeccao-pelo-htlv

domingo, 15 de março de 2020

Detecção precoce de mutações relacionadas a ATL - Rowan e colaboradores 2020


A ATL é uma neoplasia agressiva causada pelo HTLV-1 que acomete células do sangue. As células tumorais são infectadas pelo HTLV-1 e apresentam mutações no seu material genético. 

Em estudo publicado recentemente na revista científica Blood, Dr. Rowan e colaboradores avaliaram o material genético de células sanguíneas de seis indivíduos, de dois a dez anos antes do diagnóstico de ATL. 

O grupo observou que até 10 anos antes do desenvolvimento de doença as células dos pacientes já apresentavam algumas mutações que favorecem a multiplicação celular e são associadas ao desenvolvimento de neoplasia. Além disso, seis meses antes do diagnóstico de ATL o número de mutações aumentou nas células do sangue dos indivíduos que desenvolveram a doença. Os pacientes com ATL apresentavam mais mutações em genes que estão frequentemente alterados na ATL do que o grupo controle infectado com HTLV-1 mas sem sintomas da infecção e que permaneceram sem desenvolver ATL em uma média de 10 anos de acompanhamento. 

Esses dados demonstram que as células infectadas com HTLV-1 e com mutações relacionadas ao desenvolvimento de câncer podem ser detectadas anos antes do desenvolvimento de sintomas. A detecção precoce destas mutações pode possibilitar intervenções terapêuticas para previnir o desenvolvimento de ATL.

Para saber mais: "Evolution of Retrovirus-Infected Premalignant T-cell Clones Prior to Adult T-cell Leukemia/Lymphoma Diagnosis"
Publicado na revista: Blood 2020, disponível online  (ainda em impressão)
https://ashpublications.org/blood/article-abstract/doi/10.1182/blood.2019002665/452636/Evolution-of-retrovirus-infected-premalignant-T?redirectedFrom=fulltext

sábado, 7 de março de 2020

Carga proviral do HTLV na dermatite infectiva e HAM/TSP - Batista e colaboradores 2019



A carga proviral do HTLV-1, conforme discutido em post anterior, é um fator de risco importante para o desenvolvimento de doença associada ao HTLV-1. 
Uma dentre muitas diferentes manisfestações clínicas da infecção pelo HTLV-1 é a  dermatite infecciosa associada ao HTLV-1 (IDH). Esta é uma alteração de pele recorrente que pode acometer crianças infectadas por este vírus.
Já se sabe que pacientes com IDH apresentam carga proviral elevada. Apesar da IDH geralmente desaparecer na idade adulta, os pacientes com IDH podem apresentar predisposição para o desenvolvimento precoce de doenças associadas ao HTLV-1, como a HAM/TSP e a ATL. De fato, um grupo de pesquisadores da Bahia demonstrou que cerca de 50% dos pacientes com IDH desenvolveram HAM/TSP ainda na juventude durante acompanhamento clínico. 
Em um estudo publicado no ano passado, o mesmo grupo de pesquisadores demonstrou que pacientes com IDH e aqueles com IDH e HAM/TSP apresentam carga proviral semelhantes e maior do que os indivíduos assintomáticos. 
Além disso, eles observaram que a carga proviral do HTLV-1 permanece estável no paciente com IDH, mesmo quando ocorre a remissão da doença ou quando este desenvolve HAM/TSP. 
É importante destacar que, neste estudo, nem todos os pacientes com IDH e carga proviral elevada evoluíram para a HAM/TSP. 
Os autores destacaram a importância do monitoramento dos pacientes com IDH, mesmo após a melhora clínica, pois eles permanecem com carga proviral elevada, que pode favorecer o desenvolvimento de doenças associadas ao HTLV-1, como por exemplo a ATL.

Para saber mais: "HTLV-1 proviral load in infective dermatitis associated with HTLV-1 does not increase after the development of HTLV-1-associated myelopathy/tropical spastic paraparesis and does not decrease after IDH remission."
Batista ES, et al.
Publicado na revista: PLoS Negl Trop Dis 2019. PMID 31851683 Free PMC article.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6946163/

quinta-feira, 5 de março de 2020

Transmissão do HTLV-1/2 de mãe para filho

Existem ainda muitas dúvidas a serem respondidas sobre a transmissão do HTLV-1/2 de mãe para filho. Muitos pesquisadores buscam desvendar estes mistérios, para que assim, medidas de prevenção mais efetivas possam ser desenvolvidas e implementadas. 

No entanto, existem algumas informações importantes sobre esta forma de transmissão:

- A transmissão do HTLV-1/2 durante a gestação e no momento do parto é considerada RARA
Apenas cerca de 2,5% das crianças filhas de mães soropositivas que não são amamentadas serão infectadas.

A principal forma de transmissão ocorre pelo aleitamento materno

- Quanto mais longa a duração do aleitamento materno, maior o risco de transmissão do HTLV-1/2.

- Carga proviral do HTLV-1/2 elevada no sangue materno e no leite, são fatores de risco para a transmissão do vírus para o bebê.

- Mães com HAM/TSP e as mulheres co-infectadas pelo parasita estrongiloide apresentam maior risco de transmitir o HTLV-1/2 para o bebê.

- Atualmente, a principal forma de controle da transmissão vertical é a interrupção do aleitamento materno e o fornecimento de formula infantil. Esta medida é recomendada pelo Ministério da Saúde do Brasil e em muitos outros países aonde a infecção pelo HTLV-1/2 é considerada frequente.

Caso você tenha o HTLV-1/2 e seja gestante não deixe de tirar todas as suas dúvidas com um médico.

Lembre-se que para a confirmação do diagnóstico da infecção pelo HTLV-1/2 é necessário a realização de um exame confirmatório (geralmente realizado Western Blot, LIA ou PCR). Apenas o exame reativo no teste de ELISA não é suficiente para a conclusão do diagnóstico da infecção pelo HTLV-1/2

segunda-feira, 2 de março de 2020

O que é a carga proviral do HTLV?

  Um dos exames que pode ser realizado na rotina de acompanhamento dos pacientes com HTLV-1/2 é a quantificação da carga proviral. Neste exame, a quantidade de células que estão infectadas pelo HTLV-1/2 no sangue do paciente é determinada. Para isso, é realizado um teste molecular (PCR quantitativo) que quantifica o número de cópias de material genético do HTLV-1/2 presente nas células do sangue.
  A carga proviral varia bastante entre indivíduos. Porém, ela permanece relativamente estável na maioria dos pacientes ao longo do tempo. 
  Já se sabe que indivíduos com elevada carga proviral apresentam maior risco de desenvolvimento de doenças associadas ao HTLV-1. 
  No entanto, alguns indivíduos com carga proviral alta permanecem sem sintomas durante toda a vida. Assim, parece que carga proviral elevada é um fator necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento de doença associada ao HTLV-1. Os indivíduos com carga proviral alta também têm maior risco de transmissão da infecção. 
  Por outro lado, alguns pacientes podem apresentar carga proviral tão baixa que encontra-se abaixo do limite de detecção do teste (carga proviral indectável).
  Infelizmente, ainda não se sabe ao certo porque alguns indivíduos apresentam carga proviral elevada enquanto outros conseguem controlar melhor a infecção pelo HTLV-1/2. Muitos pesquisadores se dedicam para desvendar este mistério e assim poder traçar melhores estratégias para controlar o desenvolvimento de doenças associadas ao HTLV-1 e reduzir o risco de transmissão.
  O exame da carga proviral do HTLV-1/2 ainda não está incluído no SUS sendo geralmente é realizado em centros de pesquisa especializados que encontram-se espalhados pelo país. 



domingo, 1 de março de 2020

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

HTLV-1 na Agência do Radio mais


Veja a reportagem sobre o HTLV-1 publicada em fevereiro.

https://www.agenciadoradio.com.br/noticias/18-nacional-ists190018

Teste diagnóstico para HTLV usando saliva - Woo e colaboradores 2019

  O diagnóstico da infecção pelo HTLV-1/2 é realizado  através de exames de sangue (testes de triagem, seguidos de testes confirmatórios). A coleta de sangue é um método invasivo e, muitas vezes, considerado inaceitável por certas comunidades. Isto dificulta o desenvolvimento de pesquisas sobre a distribuição da infecção no mundo.
  Neste estudo foi desenvolvido um teste laboratorial de triagem para a detecção de anticorpos específicos para HTLV-1/2 em saliva. Cem pacientes com diagnóstico de HTLV-1/2 confirmado por Western Blot, atendidos no “National Centre for Human Retrovirology”, no St Mary’s Hospital na Inglaterra doaram um total de 131 amostras de saliva e sangue. Como controle, foram incluídas amostras de sangue e saliva de 13 indivíduos não infectados. Além disso, o Public Health England doou 50 amostras de saliva de indivíduos com baixo risco de infeção pelo HTLV-1/2. O teste laboratorial desenvolvido foi capaz de identificar corretamente todas as amostras positivas e negativas. Além disso, a reatividade na saliva (S/CO) apresentou alta correlação com o plasma. 
   Com o objetivo de verificar a estabilidade do teste em condições ambientais desfavoráveis, amostras de indivíduos infectados foram submetidas a diferentes temperaturas por até 7 dias. Essas condições não afetaram os resultados obtidos de forma significativa, indicando que as amostras de saliva se mantêm estáveis em condições similares aquelas possivelmente vivenciadas em um estudo de campo. 
  Amostras submetidas a sucessivos ciclos de congelamento/descongelamento (5x e 10x) e amostras coletadas dos mesmos indivíduos em diferentes momentos (em média 3 meses entre as coletas) também não apresentaram alteração significativa na reatividade. 
  Como a coleta de saliva é rápida (pode ser feita pelo próprio paciente), segura e bem tolerada, ela pode ser uma boa alternativa para a coleta de sangue. Assim, o teste desenvolvido pode facilitar estudos populacionais, principalmente em populações nas quais a coleta de sangue é considerada difícil, como as localizadas em área de difícil acesso, população indígena e pacientes pediátricos.  


Para saber mais: "Noninvasive Detection of Antibodies to Human T-Cell Lymphotropic Virus Types 1 and 2 by Use of Oral Fluid"
Woo T, e colaboradores 2019
Publicado no Journal of Clinical Microbiology 2019. PMID 31597746 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

HTLV e HIV em amostras de sangue de pacientes com HBV e HCV - Caterino-de-Araújo 2020

  

  As retroviroses humanas (HTLV e HIV) compartilham as mesmas formas de transmissão dos vírus da hepatite B e C e as co-infecções podem modificar a evolução das doenças associadas a estes vírus. Um estudo preliminar mostrou que 1,3% e 5,3% dos indivíduos infectados por HBV e por HCV encontravam-se co-infectados por HTLV-1/2 em São Paulo. 
  No estudo publicado recentemente pelo grupo da Dra. Adele Caterino de Araújo a infecção pelo HTLV-1/2 foi detectada em 1,9% dos indivíduos infectados por HBV e em 4% dos indivíduos infectados por HCV. Infecção pelo HIV foi observada em 9,2% e 14,5%, respectivamente. Houve uma forte associação entre HTLV e HIV, sexo masculino e maior idade em pacientes co-infectados por HBV/HTLV e HCV/HTLV. 
  Com este trabalho os autores confirmaram que o HTLV-1/2 pode estar presente em indivíduos com HBV e HCV em São Paulo e destacaram que estes pacientes co-infectados devem ter uma avaliação clínica e laboratorial detalhada. 

Para saber mais: "Surveillance of human retroviruses in blood samples from patients with hepatitis B and C in São Paulo, Brazil"
Caterino-de-Araujo A, et al. 2020

Publicado na revista: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. PMID 32049201

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020


Nesse vídeo o Dr. Edgar Marcelino de Carvalho conversa um pouco sobre diferentes aspectos do HTLV.

Não perca!

https://www.youtube.com/watch?v=uvyuDQNr0YA&t=96s

Avaliação do Artesunato para o tratamento da ATL - Ishikawa e colaboradores, 2020


  As opções terapêuticas para a ATL ainda são extremamente limitadas. Existe uma necessidade urgente do desenvolvimento de novas terapias e muitos pesquisadores estão dedicados a este objetivo. 
  Um grupo de pesquisadores do Japão avaliou o potencial do medicamento Artesunato (ART) para o tratamento da ATL. O Artesunato é um composto usado para o tratamento da malária que tem ação de toxicidade celular. Eles observaram que, em cultura celular, células infectadas pelo HTLV-1 eram sensíveis a ação do ART quando comparadas com células não infectadas. Eles ainda esclareceram alguns mecanismos celulares envolvidos com a ação do medicamento a nível celular. O mesmo grupo observou ainda que a administração de ART em modelo animal (roedores com ATL) causou redução do tumor. 
  Os autores afirmam que estes resultados podem embasar a avaliação da eficácia do ART em pacientes com ATL.
  É importante lembrar que embora a necessidade de novos tratamentos seja evidente, existe um longo caminho para que potenciais terapias possam ser incorporadas na rotina clínica. Este percurso é importante para garantir que os tratamentos utilizados sejam ao mesmo tempo eficazes e seguros para os pacientes. 

Para saber mais: "Evaluation of artesunate for the treatment of adult T-cell leukemia/lymphoma"
Ishikawa C, e colaboradores
Publicado na revista: Eur J Pharmacol 2020. PMID 31996318
 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Como é a transmissão do HTLV?

A transmissão do HTLV pode ocorrer por diferentes vias:

  • Sexo desprotegido
A transmissão sexual do HTLV-1/2 é mais eficiente do homem para mulher do que da mulher para o homem e pode ocorrer tanto durante sexo heterossexual como homossexual.
  • De mãe para filho: 
Principalmente durante o aleitamento materno. As mulheres que não amamentam apresentam risco reduzido de transmissão do HTLV-1/2.

  • Contato com sangue e/ou tecidos contaminados: 

No Brasil os candidatos a doação de sangue e de órgãos são rotineiramente testados para o HTLV-1/2. 

A transmissão por esta via, no entanto, é importante entre usuários de drogas injetáveis
Recentemente, houve relato de transmissão do HTLV-1/2 por práticas religiosas (autoflagelamento) onde ocorreu compartilhamento de material contaminado*.


Cada via de transmissão e suas particularidades serão abordadas em mais detalhes em outros posts.

Para saber mais: https://napretrovirus.com.br/htlv/

* Tang et al 2019 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6433044/

ATL no Brasil: Uma doença rara ou raramente diagnosticada? - Rosadas e colaboradores 2019


ATL é uma leucemia grave causada pela infecção pelo HTLV-1. Apesar do Brasil ter um grande número de indivíduos infectados pelo HTLV e muitos pacientes com HAM, casos de ATL não são frequentemente relatados. Isto gera a idéia de que a ATL é rara no país. Neste estudo, o número de casos esperados de ATL no país foi estimado usando três métodos diferentes, a partir de dados da literatura.  O resultado foi comparado com o número de casos obtidos no Registro Hospitalar de Câncer do Brasil. Enquanto o número de casos estimados de ATL por ano no Brasil variou entre 256-1.333, apenas 369 casos foram registrados entre 1986-2016 (ou seja, uma média 12 casos/ano, sendo 8.4% em pacientes pediátricos e a maioria dos registros realizados em Estados aonde encontram-se os principais centros de pesquisa de HTLV).
Considerando a complexidade da manifestação clínica e do diagnóstico da ATL, a falta de conhecimento sobre HTLV no país dentre os profissionais de saúde e a dificuldade de acesso ao sistema de saúde pública (especialmente em áreas mais carentes), junto com as evidências deste estudo, é provável que o baixo número de casos seja devido a falta de diagnóstico. Mais estudos são necessários para que possamos entender o real cenário da ATL no Brasil. Além disso, medidas de saúde pública para redução da transmissão vertical do HTLV-1 deveriam ser implementadas no país.

Para saber mais: "Adult T-cell leukaemia/lymphoma in Brazil: A rare disease or rarely diagnosed?"Rosadas C, et al. 
Publicado na revista British  Journal of  Haematoly 2020. PMID 31743423



domingo, 23 de fevereiro de 2020

HTLV na TV da UFMG


  O grupo de pesquisa da UFMG trabalhando para aumentar a disseminação do conhecimento sobre o HTLV.
Acesse o link e não deixe de assistir ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=uNfQlvKIJqo

Alterações pulmonares em indígenas infectados por HTLV na Austrália - Einseldel e colaboradores 2019

  O vírus HTLV-1 pode estar associado a inflamação pulmonar. A infecção por este vírus é extremamente frequente em Indígenas da parte central da Austrália. Pesquisadores resolveram então investigar se a infecção por HTLV-1 poderia estar associada a alta taxa de alterações pulmonares (bronquiectasia*) que é observada nesta população. 

  Os pesquisadores avaliaram 80 adultos indígenas com bronquiectasia e 160 sem bronquiectasia (grupo controle). Eles avaliaram os dados clínicos, laboratoriais (incluindo diagnóstico da infecção e carga proviral do HTLV-1) e exames de raio X. Os participantes do estudo foram acompanhados por cerca de 1 ano.

  A carga proviral do HTLV-1 do grupo de pacientes com bronquiectasia foi 8 vezes maior do que dos pacientes sem bronquiectasia. Além disso, pacientes com elevada carga proviral do HTLV-1 apresentavam mais alterações pulmonares observadas no raio X.

  Os autores observaram que os principais preditores de bronquiectasia foram: episódio de infecção grave de trato respiratório anteriormente, e carga proviral elevada de HTLV-1. Além disso, a presença de bronquiectasia e elevada carga proviral de HTLV-1 foram identificados como preditores de morte dos pacientes durante o acompanhamento.

  Os autores concluíram então que a elevada carga proviral do HTLV-1 está associada com bronquiectasia e com alterações pulmonares mais extensas observadas no raio X. Estas alterações podem ser resultado de reação inflamatória nas vias respiratórias causada pelo HTLV-1.

Para saber mais: "Predictors of non-cystic fibrosis bronchiectasis in Indigenous adult residents of central Australia: results of a case-control study"
Einsiedel L, et al. 
Publicado na revista: ERJ Open Res 2019. PMID 31911928 Free PMC article.



sábado, 22 de fevereiro de 2020

Como saber se eu tenho HTLV? - Dra. Youko Nukui


Neste vídeo a Dra. Youko Nukui do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP nos apresenta a resposta para esta pergunta tão frequente.
Não deixe de conferir:
https://www.youtube.com/watch?v=wAwbqyh34P0

HTLV-1 em gestantes do Estado do Maranhão - Mendes e colaboradores 2020


   Um estudo publicado recentemente avaliou a infecção por HTLV-1/2 em 713 gestantes atendidas no LACEN do Maranhão. Os pesquisadores verificaram que 0,7% das mulheres estavam infectadas pelo HTLV-1/2. Segundo os autores, este dado demonstra a importância da implementação de políticas de saúde pública como a testagem para HTLV-1/2 no pre-natal e o aconselhamento para mulheres soropositivas com o objetivo de controlar a transmissão do HTLV-1/2 para os recém-nascidos.

Para saber mais: "Molecular detection of human T cell lymphotropic virus type 1 in pregnant women from Maranhão state, Brazil"
de Fátima Castro Mendes M, et al. 
Publicado na revista Brazilian Journal of Microbiology 2020. PMID 31993990

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

O que é janela imunológica?

  Janela Imunológica é o tempo que um indivíduo leva desde a infecção até a produção de anticorpos específicos para o agente causador da infecção (neste caso, o HTLV-1/2) em níveis suficientes para que estes possam ser detectados nos testes diagnósticos.

 O período da janela imunológica é variável, sendo influenciado por diferentes fatores, como por exemplo, a via de infecção, fatores relacionados ao paciente e ao teste diagnóstico utilizado. Em um estudo realizado em pacientes infectados por transplante de órgãos contaminados, o tempo de janela imunológica variou de 16-39 dias*. Ou seja, anticorpos para HTLV-1/2 só foram identificados pela primeira vez 16-39 dias após a infecção. 

Não se esqueça: Não deixe de esclarecer todas as suas dúvidas com seu médico.

* Cook et al, 2016 Rapid Dissemination of Human T-lymphotropic Virus Type 1 During Primary Infection in Transplant Recipients  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4706667/

O que é o HTLV? - Dra. Youko Nukui



Quer saber mais sobre o HTLV?

Assista ao vídeo sobre o HTLV com a Dra. Youko Nukui do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo.

https://www.youtube.com/watch?v=xdJMBxRsyLc


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Novo marcador para ATL: CADM1 solúvel - Nakahata e colaboradores, 2020


  A ATL é uma leucemia grave causada pelo HTLV-1. Um estudo recente já havia demonstrado que a mólecula CADM1 é produzida em maior quantidade por células neoplásicas da ATL. Estas moléculas, ficam na superfície destas células, auxiliando na identificação das mesmas. 
  Neste novo estudo publicado na revista Haematologica, os autores demonstraram, pela primeira vez, que na ATL, as células não só produzem maior quantidade desta molécula, mas também são capazes de produzir uma forma solúvel (sCADM1) que é secretada no sangue do paciente. 
  Os pesquisadores desenvolveram um teste laboratorial que é capaz de quantificar esta molécula no plasma sanguíneo. Em seguida, eles mostraram que a quantidade de sCADM1 aumenta gradativamente no sangue durante a progressão da doença. Embora outros marcadores no sangue (como sIL-2Ra) também tenham aumentado durante a progressão da ATL, análises matemáticas mostraram que sCADM1 parece ser mais indicado como marcador específico da forma grave de ATL. 
  Os autores sugeriram que níveis elevados de sCADM1 no sangue podem ser um fator de risco para o desenvolvimento da forma agressiva da ATL. Além disso, eles acreditam que este novo marcador pode ser útil para monitorar a resposta a quimioterapia e também para identificar aqueles pacientes que irão ter uma recaída da ATL. 
  Pacientes com HAM/TSP apresentaram níveis normais de sCADM1 no sangue, indicando que este marcador também pode diferenciar pacientes com ATL dos pacientes com doenças inflamatórias associadas ao HTLV-1, como a HAM/TSP.


Para saber mais: "Clinical significance of soluble CADM1 as a novel marker for adult T-cell leukemia/lymphoma"
Nakahata S, et al. 
Publicado na revista: Haematologica 2020. PMID 32054656

Diagnóstico da infecção pelo HTLV-1/2

  O diagnóstico da infecção pelo HTLV-1/2 é realizado através de um exame de sangue específico para HTLV-1/2, sendo geralmente realizado em duas etapas. 

  Primeiro é realizado um teste de triagem da infecção. Os testes de triagem identificam a presença de anticorpos contra uma proteína do HTLV-1/2. Os anticorpos, também chamados de imunoglobulinas (Ig), são produzidos por células de defesa chamadas de linfócitos B para tentar combater o HTLV-1/2. Os testes de triagem mais utilizados no Brasil são os teste de ELISA e quimioluminescência. 

Caso um paciente tenha um resultado positivo em um teste de triagem ele deverá realizar um teste confirmatório para definir se ele realmente está infectado pelo HTLV-1/2. 

  Os testes confirmatórios incluem o teste de Western Blot, o teste Innolia e o teste de PCR (reação em cadeia da polimerase). Os dois primeiros (Western Blot e Innolia) também verificam se existem anticorpos para HTLV-1/2 no sangue do paciente. No entando, diferente do que ocorre no teste de triagem, os testes confirmatórios buscam ao mesmo tempo diferentes anticorpos que são produzidos para diferentes proteínas do HTLV-1/2. Já o PCR, identifica se existe material genético do vírus nas células do sangue do paciente. Os testes confirmatórios podem ser usados para tipificar o HTLV, ou seja, para determinar se o paciente encontra-se infectado pelo HTLV-1 ou pelo HTLV-2 e em alguns casos mais raros, por ambos os tipos virais. O PCR pode também ser utilizado para a quantificação da carga proviral do HTLV-1/2, tema que será discutido em outro post.

Conhecendo o HTLV-1/2


   O vírus linfotrópico de células T humano, também conhecido como HTLV, foi descoberto na década de 80.  Este vírus infecta células do sistema imunológico, ou seja, aquelas células que tem como função defender o nosso corpo contra infecções. Existem dois tipos principais de HTLV, o HTLV-1 e o HTLV-2. O HTLV-2 raramente causa doença. Apesar da maioria dos pacientes com HTLV-1 também não apresentarem doença, este tipo viral pode causar alterações inflamatórias e/ou neoplásicas. As duas manifestações mais bem descritas do HTLV-1 são a mielopatia associada ao HTLV-1 / paraparesia espástica tropical (HAM/TSP) e a leucemia/linfoma de células T do adulto (ATL). A HAM/TSP e a ATL serão abordadas em um próximo post.
   O HTLV-1/2 é transmitido principalmente pelo sexo desprotegido (sem uso de preservativo), pelo contato com sangue e/ou tecido infectado (sendo importante via de transmissão o compartilhamento de agulhas entre usuários de drogas injetáveis) e de mãe para filho (principalmente pelo aleitamento materno).
    Uma vez ocorrendo a infecção, o indivíduo permanecerá infectado por toda a vida. Apesar dos esforços, ainda não existe cura nem vacina para esta infecção. Por isso, a prevenção da disseminação do HTLV-1/2 é essencial. Todos podem colaborar na prevenção divulgando informação adequada sobre o tema. Faça também a sua parte! Contamos com todos os esforços.

Grupo de Pesquisa sobre HTLV-1/2 do Brasil




   Esta página é resultado de um projeto colaborativo que envolve pesquisadores brasileiros que se dedicam ao estudo do HTLV-1/2. 
   O objetivo deste espaço é a disseminação do conhecimento científico sobre HTLV-1/2 no Brasil. Pretendemos usar esse meio de comunicação para apresentar desde informações básicas sobre o HTLV-1/2 até os resultados dos estudos mais recentes sobre o tema. Assim, esperamos contribuir para a disseminação de informação de qualidade, de forma que os portadores, familiares, profissionais de saúde e população geral possam manter-se atualizados sobre o que acontece no mundo da pesquisa sobre o HTLV.

ESTAMOS TODOS JUNTOS NA LUTA CONTRA O HTLV.